sábado, 9 de abril de 2011

Mais poesia...

Da Fuga (Frederico Garcia Lorca)

Perdi-me muitas vezes pelo mar,
o ouvido cheio de flores recém cortadas,
a língua cheia de amor e de agonia.
Muitas vezes perdi-me pelo mar,
como me perco no coração de alguns meninos.
Não há noite em que, ao dar um beijo,
não sinta o sorriso das pessoas sem rosto,
nem há ninguém que, ao tocar um recém-nascido,
se esqueça das imóveis caveiras de cavalo.
Porque as rosas buscam na frente
uma dura paisagem de osso
e as mãos do homem não têm mais sentido
senão imitar as raízes sob a terra.
Como me perco no coração de alguns meninos,
perdi-me muitas vezes pelo mar.
Ignorante da água vou buscando uma morte de luz que me consuma.

Quem já se perdeu no mar?

Sandra Ataíde

3 comentários:

  1. As vezes náufrago, as vezes pescador... O grande mar da vida é irresistível. Devemos mergulhar, não apenas contempla-lo e sempre haverá um farol a nortear para a terra firme na volta de cada aprendizado.

    Alkeíres.

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  2. Wooooooooooooowwwwww!!! Que inspiração!!!

    Sandra Ataíde

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